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O tradutor é um traidor. Mais até que possamos imaginar

by Redação
abril 4, 2025
in Cultura
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Livros “Assim é que se fala” e “Superdicas para falar bem” vertidos para o Espanhol e Inglês - Imagem: Reinaldo Polito
Livros “Assim é que se fala” e “Superdicas para falar bem” vertidos para o Espanhol e Inglês – Imagem: Reinaldo Polito

Reinaldo Polito Publicado em 15/09/2023, às 12:29

Traduzir bem um livro é uma arte que vai muito além do sentido em si das palavras.

Valentín García Yebra conceituou com maestria o que deve ser uma boa tradução: “Regra de ouro de toda tradução – dizer tudo o que diz o original, não dizer nada que o original não diga, e dizer tudo com a correção e a naturalidade que permita a língua para a qual se traduz”. Esse seria o melhor dos mundos para um autor que desejasse ver seu texto bem traduzido. Infelizmente, muitas vezes, e não são poucas, essas palavras de Yebra não passam de um sonho.

O provérbio italiano é bastante conhecido: “tradutor i traditori”. Quer dizer que os tradutores traem, pois não traduzem os textos exatamente como são no original. Essa frase passa a ter mais sentido quando o autor se vê envolvido com uma tradução equivocada.

Traíra teimoso

Tenho dois exemplos pessoais que me tornaram “vítima” de traduções. Um deles foi na época em que resolvi verter o meu livro “Superdicas para falar bem em conversas e apresentações” do Português para o Inglês. Procurei alguém que fosse competente para essa tarefa. Recomendaram o correspondente de um jornal americano que residia no Brasil. Pensei, esse é o profissional perfeito. Além de estadunidense, trabalhava na imprensa daquele país e estava por aqui há muitos anos.

Combinamos o preço do trabalho e o prazo de entrega. Ele foi rápido e concluiu a versão antes do tempo contratado. Quando comecei a ler, quase caí duro. Ele não havia traduzido o meu texto, simplesmente tomou o livro como base e acabou por escrever outro, muito diferente.

Falei com ele. Eu disse que a tradução fugia do sentido dado pelos originais. Para minha surpresa, o jornalista fechou questão. Afirmou que não permitiria que seu trabalho fosse alterado. Ou seja, no meu livro ele se sentiu à vontade para modificar tudo o que julgou conveniente, mas eu, mesmo sendo o autor, não poderia exigir nenhuma alteração. Ao ver que a conversa não levaria a lugar nenhum, paguei o valor acertado e procurei outro tradutor.

O discurso de Roberto Jefferson

O segundo foi curioso e muito engraçado. O meu livro “Assim é que se fala – como organizar e transmitir ideias” foi publicado em língua espanhola por uma editora mexicana. A tradução foi feita por eles com muito boa qualidade. Para não fugir à regra, entretanto, a tradutora deixou sua marca.

Em um dos capítulos da obra falo sobre as técnicas da refutação. Como um orador deve neutralizar as objeções contrárias, ou, em certos casos, defender a tese que beneficie sua causa. Depois de explicar como estabelecer a ordem a ser adotada, a partir da identificação do peso de cada argumento utilizado pela parte oponente, achei apropriado dar um exemplo para ilustrar os conceitos teóricos desenvolvidos.

Elegi o trecho de um discurso de Roberto Jefferson. Nessa peça oratória, o advogado procurava refutar os argumentos utilizados na CPI que acusava o então presidente Fernando Collor de Mello de ter envolvimento com o empresário Paulo César Farias, nos atos de corrupção.

O processo foi denominado de CPI do PC, usando as iniciais de Paulo César para simplificar. Estas foram as palavras de Jefferson:

“O furor acusatório da CPI, na expectativa de fazer o terceiro turno eleitoral, cheia de ressentimentos, cheia de revanchismos, buscando punir a vitória pela minoria derrotada, rasgou os dispositivos constitucionais, desrespeitou a lei ordinária, transformou a CPI do PC no açoite contra a figura do Presidente da República”.

Traíra engraçada

Ao ler o livro vertido para o espanhol, fui surpreendido por uma das mais hilárias traições que já havia visto. A profissional, sem avaliar bem o sentido do texto, não teve dúvida em esclarecer a informação. Onde estava “CPI do PC”, acrescentou entre parênteses (Partido Comunista).

Imediatamente avisei à editora do ocorrido e já na segunda edição fizeram a correção. Ainda bem que foi na publicação espanhola. Fiquei imaginando se tivesse sido em um dos meus livros editados na Rússia, jamais descobriria. Sim, porque os livros em russo me causam perplexidade. Eu os folheio e não consigo entender uma única palavra do que escrevi.

Reinaldo Polito é Mestre em Ciências da Comunicação e professor de Oratória nos cursos de pós-graduação em Marketing Político, Gestão de Marketing e Comunicação, Gestão Corporativa e MBA em Gestão de Marketing e Comunicação na ECA-USP. Escreveu 34 livros, com mais 1,5 milhão de exemplares vendidos em 39 países. Siga no Instagram: @polito pelo facebook.com/reinaldopolito pergunte no https://reinaldopolito.com.br/home/

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